Balemaníacos

Que sou uma balemaníaca confessa e no último grau a maioria já sabe, né.. Mas agora não só eu, mas tooooooodo o mundinho fashion acabou por se render à onda do ballet clássico, graças ao sucesso do filme Cisne Negro.

Sei que não é novidade para mais ninguém, que todo mundo já deve ter assistido e que a protagonista Natalie Portman já até ganhou a estatueta do Oscar 2011 como a melhor atriz por sua MAGNÍFICA interpretação no filme.

O fato é que eu só consegui ver o filme no findi passado.

E genteeeeeeeeeeeeee, foi tão, tão, mas tão intenso pra mim. Eu me paro pensando e relembrando cenas do filme até agora (nem vou entrar no mérito da minha aflição giganta, agonia extrema e até repugnância em ver um monte de bolinha juntas - quem viu o filme sabe o que estou falando - tenho aflição às vezes até de roupa de poázinho, acreditam? Alergia de pele, braço empolado então, arrrrrrrgh, não posso nem pensar).
Mas retomando, acho que para nós que vivenciamos um pouco desse mundinho do ballet na prática, o filme vai muito além da beleza das cenas/figurinos e da interpretação da atriz.

Não posso dizer por vocês, então vou dizer o que senti.

É claaaaaaaro que devem ser guardadas as devidas proporções, até porque, aquelas bailarinas ali viviam disso, acordavam e dormiam pensando nisso, para isso, por isso.

Mas em algum momento de nossas vidas como bailarinas - pelo menos quem fez ballet por loooongos anos -todas, tenho certeza, já tiveram a ilusão, o sonho de se tornarem uma bailarina de renome, que viajasse o mundo todo dançando, enfim, que ganhasse a vida com isso.

Porém, para isso, sabemos também como é difícil e massacrante a vida de uma bailarina.. desgastante, sacrificante e de muitas renúncias. Volto a dizer: não quero me comparar às bailarinas do filme. Mas a questão é que mesmo no meu contexto senti muuuuuuuuuito na pele o que ela sofreu. As cobranças internas, pressões.. os sonhos, os medos, as inseguranças, as fantasias.

E ser chamada a atenção na frente de todos, muitas vezes de forma não tão gentil e educada pelos ensaiadores? Vixi.. perdi a conta..

Isso sem contar nos momentos de do intensa, antiinflamatórios, sessões mil de fisioterapia, ensaios exaurientes. O pé? Leeeeindjo! Fora dieta, dieta + dieta.

Aliás, foi nessa onda que há uns 16, 17 anos eu decidi cortar o refrigerante da minha vida (e, graças a Deus, desde então, nunca nunca mais voltei a tomar). Quando ainda acreditava que poderia viver disso.

Nossa, se fosse colocar aqui "no papel" os momentos difíceis, acho que precisaria de umas três ou quatro páginas do blog.. hehe.

Mas vou destacar uma situação que muito me marcou.
Como sabem, quem faz ballet em academia, em regra, em todo final de ano, no mínimo, há uma apresentação da escola. Nesse ano específico aí dancei uma variação solo de Coppelia (uma boneca tão perfeita que parece humana). A rotina próxima à apresentação é uma loucura. Duas/três horas por dia (considerando que estudamos, trabalhamos e temos outras atividades, é MUITO), mais o sábado e o domingo por conta. Viajar, namorar, dormir até meio-dia? Jamé!! Por conta disso, ficávamos exauridos, com os pés cheios de bolhas e sem tempo/intervalo para descansar e, com isso, melhorar. Até que, de tanto ensaiar, chegou o dia da apresentação e o meu pé, como estava? Tcha-na-na-nam.. Com um buraco aberto no dedão, com secreção e latejando mooooito. E o pior não é só a dor, mas o desespero de pensar que talvez você não consiga dançar assim. O que me sugeriram: ir para casa me arrumar, colocar um pó anestésico no local, tomar antiinflamatório + analgésico e REZAR. E foi o que fiz!
Não é que deu certo?!?! Fui, dancei e nada saiu errado. Até que chegou a hora de voltar para o camarim, trocar de roupa e encontrar os familiares, amigos. Pra quê!!! A sapatilha não saía do meu pé. Sabem o que aconteceu? O machucado começou a cicatrizar na parte interna do gesso da sapatilha. Sabem, né, quando cria uma casquinha? Pois é, e nada nesse mundo me fazia conseguir tirar. Resultado: fui com um pé de sapatilha para casa e, dali, direto para o chuveiro para tentar amolecer o machucado e o gesso. Depois de algumas horinhas tudo se resolveu e consegui tirar. Sobrevivi!

Hehe.. parece piada, mas NÃO É!

Mas por que eu estou dizendo tudo isso? Para dizer que é sofrido, doído, massacrante e, às vezes, até torturante. Mas vale E MUITO à pena. Quando a gente ama o que faz, não tem dor que nos tire a vontade, a garra, a disciplina e a determinação.
 Faria tudo isso de novo e, ainda hoje, se fosse possível viver disso, eu certamente viveria, com o maior prazer.

Mas como não dá, me contento com minhas aulinhas semanais e, agora também, com os encantos da moda, que se rendeu completamente ao movimento "ballet inspired".

Então, separei umas fotinhas aqui para mostrar para vocês como o ballet invadiu de vez a moda, os editoriais, as ruas..

 

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Muito delicado, ultra feminino e liiiiiiiiiiiindo de viver!